segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Estepe de ambulância do SAMU é amarrado com atadura em Sergipe


Neste domingo, 25, uma reportagem especial realizada pelo Fantástico, mostrou a dura realidade de pacientes e profissionais que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU – em Sergipe e em mais seis estados do país. Nessa investigação foi constatado que mais de 1,2 mil ambulâncias novas estão paradas, abandonadas – um verdadeiro desperdício de dinheiro público.

Ambulâncias sucateadas colocam todos que necessitam do serviço em risco. Motoristas, paramédicos e socorristas, também correm perigo. Muitos são os problemas de manutenção, alguns deles flagrados pela reportagem, mostram que produtos utilizados no resgate das vítimas, estão sendo utilizados para improvisar consertos na direção, no estepe e onde mais for necessário.
Em uma das ambulâncias flagradas com irregularidades, o estepe foi amarrado com ataduras. Além disso, a viatura não tinha macaco nem chave de roda, para uma possível troca de pneus. “Se a viatura parar, onde parar fica”, comenta o condutor.
Segundo a Secretaria de Saúde de Sergipe, o estado tem 50 veículos do Samu.Em Estância, 64 mil habitantes, a 70 quilômetros da capital, uma fita adesiva ajuda a prender o volante. O velocímetro sofreu uma pane elétrica. Como o freio de mão também está com problema, uma pedra serve de calço.
Há dois meses, Maria José Santos, de 41 anos, precisou do Samu de Estância. Como a ambulância estava quebrada, veio uma de Boquim, a 30 quilômetros do local. Os atendentes decidiram levar a doente para Aracaju, onde fica o principal hospital do estado, mas no meio da viagem... “A ambulância quebrou, o cabo do acelerador, no meio da BR. Ficou mais ou menos meia hora para outra vir”, contou Izilaine Souza Santos, filha de Dona Maria. Maria morreu antes de dar entrada no hospital, três horas depois do pedido de socorro.
O Ministério da Saúde recomenda que o tempo entre a ligação para o 192 e a chegada ao hospital seja de 15 minutos. A Secretaria de Saúde de Sergipe disse que vai comprar, com dinheiro próprio, mais 30 ambulâncias em até 90 dias e reconheceu que houve demora no atendimento da Dona Maria.
“Esse tempo foi insuficiente para chegar no momento necessário para dar a sobrevida ao paciente”, admite o secretário de Saúde de Sergipe, Antônio Carlos Guimarães.
Ainda em Aracaju, a equipe de reportagem localizou seis ambulâncias do Samu sendo usadas irregularmente. Uma delas não tem placas, não tem documentação e, no Detran, nem existe. “Elas estão rodando com autorização especial, porque são ambulâncias recém-doadas pelo Ministério da Saúde”, alegou o secretario de Saúde de Aracaju, Silvio Santos.

“Nós não podemos admitir isso. Não existe autorização especial para rodar sem placa. Nós vamos auditar e encaminhar ao Ministério Público e aos órgãos policiais. Isso é uma ilegalidade no Brasil”, afirmou Helvécio Magalhaes Junior, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
O serviço 192 funciona assim: na chamada central de regulação do Samu, os primeiros a responder a uma ligação são técnicos. Geralmente, uma única central é responsável pelo atendimento em várias cidades. A coordenação é feita por médicos, que decidem se é preciso enviar socorro – isso quando existe ambulância.
Na base do Samu, que atende a região de Aracaju, um funcionário diz que chega a ficar sem fazer nada o dia inteiro. “Ficamos de prontidão, mas sem atividade nenhuma, descansando. Nossa ambulância já está há um bom tempo em manutenção”, revela.
“Diariamente, nós temos 14 ou 15 viaturas fora de circulação por problemas de manutenção, por problemas de quebra da viatura”, comenta Samanta Bicudo, presidente do sindicato do Samu em Sergipe.


Fonte: Em Sergipe

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